Há muito a sobrecarga de informações faz parte dos estudos que analisam a construção do conhecimento, nas diferentes esferas. Isso já se refletia na condição acadêmica no período compreendido pelos séculos XVI a XVIII - no início da modernidade. Este fato já era percebido pelos homens de ciência da época, os quais a partir de percepções individuais definiam as formas de selecionar o que seria lido ou produzido - sejam destinados a sanar o problema de novos gêneros- como a bibliografia universal e a resenha do livro para jovens que se iniciaram no mundo da “nova ciência”, o dicionário e a compilação enciclopédica[1]. Em sua maioria, no século XVII, os instrumentos de seleção variavam conforme a época, e esses podem ser vistos como uma iniciação ao processo de censura, quando aos novos leitores eram recomendadas às leituras direcionadas por seus professores, uma vez que estavam sendo formados. A superabundância fomentou a difusão e desenvolvimento de novas ajudas para a aprendizagem, bem como afetou a forma como trabalhavam os estudiosos- a partir da leitura e das tomadas de notas dos livros que criavam. Esses fatos indicam que na maioria dos períodos, apesar da seletividade das obras, “os leitores proficientes implantaram uma série de diferentes tipos de leituras em diferentes circunstâncias” [2]. No século XX o problema continua com outras conotações. As leituras seletivas e anotações continuam a ser realizadas com a ajuda da máquina; o volume de livros aumentou exponencialmente, assim como os recursos para sua produção, bem como o tamanho e tipos de bibliotecas, entre outros. O que se percebe é que apesar da garantia do acesso, como nos séculos XVI ao XVIII, não se tem a certeza da leitura e da legitimação do conhecimento. Assim, questiona-se: como reconhecer aquilo que é passível de ser conhecimento e como o legitimar? Logo, a proposta deste artigo é realizar um pré-levantamento de alguns métodos de gestão da informação - seleção, classificação e armazenamento de dados, utilizados em diversas combinações de motivos e tecnologias, no século XX, que consistem em novos meios de transmissão, acesso e produção do conhecimento.

[1]A. BLAIR. Reading Strategies for coping with information overload, CA. 1550-1700

 [2] Id. Ibidem