Em que pese a importância dos computadores na vida contemporânea, há poucos estudos sobre a formação do campo da Informática brasileira. Boa parte centrou-se no impacto da Política Nacional de Informática (1984) através da reserva de mercado, mecanismo protecionista que visava desenvolver uma indústria genuinamente nacional de computadores e periféricos a salvo da concorrência das grandes multinacionais (IBM, Hewlett-Packard). Estes estudos, no entanto, acabam por privilegiar uma dimensão política do processo, deixando de lado outras possibilidades de análise. Nosso trabalho pretende trazer outro enfoque – o estudo de casos de microcomputadores no mercado nacional brasileiro; para isso, iremos apresentar três fabricantes nacionais: Codimex, Microdigital e Unitron. O primeiro trata dos limites de uma pequena empresa situada na periferia do mercado nacional; o segundo, uma das empresas que maior sucesso teve no mercado nacional, mas que fracassaria na transição ao mercado de computadores de 16 bits; e o terceiro, de uma empresa de grande porte que seria alvo de uma forte disputa com a Apple Computers em torno do clone do Macintosh (Unitron Mac 512). Ao analisar a trajetória desses fabricantes, esperamos discutir outros elementos que compunham o cenário da Informática brasileira dos anos 1980, como a formação de um público consumidor de Informática e as possibilidades de sucesso ou fracasso dos fabricantes em contexto de crise econômica e constante transformação tecnológica.