![]() |
iCHSTM 2013 Programme • Version 5.3.6, 27 July 2013 • ONLINE (includes late changes)
Index | Paper sessions timetable | Lunch and evening timetable | Main site |
O artigo analisa a gênese da ciência enquanto categoria derivada do trabalho. Entendemos a ciência como um tipo de conhecimento humano, cuja principal característica é ser abstrato em oposição aos demais tipos de conhecimento empírico. Empírico aqui se refere à relação direta com o trabalho produtor de valores de uso. Abstrato, significa a desconexão com a produção direta de valores de uso. O materialismo precisa responder a pergunta: como é possível o pensamento abstrato desenvolver-se desvinculado da produção da vida material? O mérito de tal pergunta é de Sohn-Rethel e sua resposta parte da teoria da abstração real. Lukács, por sua vez, aborda a relação entre conhecimento, ciência e trabalho retornando a Aristóteles e Hartmann. Aristóteles trata o trabalho humano como sendo a unidade entre o pensar (nóesis) e o produzir (poiésis). Através do primeiro é posto o fim e se buscam os meios para realizá-lo, através do segundo o fim posto é realizado. Hartmann divide o pólo pensar, em dois atos, “posição do fim” e “busca dos meios”. Para Lukács, a autonomização deste ato “busca dos meios” é o que dá origem ao pensamento científico. O trabalho produtor de valores de uso, era a unidade do pensar e produzir. Essa unidade se rompe dando origem ao pensamento científico. Mas como é possível o trabalho intelectual ser conduzido separadamente do manual? Sohn-Rethel explica isso a partir do conceito de abstração real. A troca de mercadorias opera atos de abstração física e temporal que precedem e determinam a abstração do pensamento. Isto desenvolveu no ser humano a capacidade de afastar-se do empírico e de criar conceitos. Até o surgimento do dinheiro (séc. VII a.C.) o polo pensar da unidade trabalho era fundamentalmente prático, empírico. Exemplo disso são os “harpedonaptes” (arte das cordas) precursores da matemática, no Egito, onde a arte de medir se servia da corda como instrumento principal, i.e., era um conhecimento que não podia prescindir do empírico. Para Sohn-Rethel, o surgimento da troca de mercadorias intermediada pelo dinheiro deu origem a abstração do pensamento e aos primeiros rudimentos do pensamento racional manifestados na filosofia grega e na matemática. O desenvolvimento da forma da mercadoria, ao longo dos séculos, possibilitou o aprimoramento do pensamento racional e sua transformação na ciência moderna, séc. XV d.C., coincidindo, não por acaso, com o nascimento do capitalismo.
This paper analyses the genesis of science as a category derived from labor. We understand as science activity that investigates the phenomenon through conceptual abstraction resulting in theories. In this sense, science is only one kind of human knowledge, whose main characteristic is to be abstract as opposed to the kinds of empirical knowledge. Empirical refers to the direct relationship with the work that produces use values. Abstract, therefore, means the disconnection with the direct production of use values. Materialism must answer the question: how is it possible to develop abstract thinking disconnected from production of material life? Who elaborated this question was Sohn-Rethel and his answer departs from the theory of real abstraction. Lukács, however, states the relationship among knowledge, science and labor by returning to Aristotle and Hartmann. Aristotle treats human labor as the unit between “thinking” (noesis) and “producing” (poiesis). Thinking means to posit the goal and to investigate the means of its realization. Producing means to attain the realization of the goal thus posited. Hartmann divides the thinking, in two acts, "the positing of the goal" and "the investigation of the means." For Lukács, when "the investigation of the means" becomes autonomous gives rise to scientific thinking. But how intellectual labor can be conducted separately from the manual labor? Sohn-Rethel explains this from the concept of real abstraction. The commodity exchange operates acts of physical and temporal abstraction that precedes and determines the thought abstraction. This developed in human beings the ability of turning away the empirical and creating concepts. By the emergence of money (around the seventh century BC) the “thinking” was fundamentally practical and empirical. Examples are "harpedonaptes" (art of strings) that were the precursors of mathematics in Egypt, where the art of measuring used the rope of his main instrument, i.e. knowledge could not dispense the empirical acts. For Sohn-Rethel, the emergence of commodity exchange mediated by money developed in the human beings the capacity of thought abstraction rising to the first principles of rational thought expressed in Greek philosophy and mathematics. The development of the commodity form, for centuries, allowed the improvement of rational thought and its transformation in modern science, by the fifteenth century AD, coincided, not by accident, with the birth of capitalism.
This presentation is based on work co-authored by Dayani Aquino.